domingo, 5 de setembro de 2010

V. A imitação e o jogo


Imitação:
Piaget descriminou seis estágios no desenvolvimento da imitação, e da atividade lúdica. Sendo os três primeiros não emergem de modo muito claro, porém os três últimos parecem marcados por um comportamento bastante característico. Encontrou indícios de comportamento imitativo nos primeiros dias de vida do bebê, que começavam a chorar ao ouvir o choro de outras crianças. Piaget relacionou a um reflexo vocal, correspondente ao primeiro estágio do desenvolvimento da inteligência.
No contágio vocal, segundo estágio há mera estimulação da voz da criança por outra, sem imitação precisa dos sons que ouve. Evolui facilmente para a imitação fonológica, terceiro estágio, quando o bebê reage de algum modo ao som da voz de outra pessoa, fazendo depois de modo vagamente imitativo, se tornando cada vez mais de maneira precisa e sistemática.
Por volta dos oito ou nove meses a criança atinge o quarto estágio, imitando além de movimentos familiares, também sons e gestos que lhe são novos com mais flexibilidade.
Agora com um ano a 1,5 anos, no quinto estágio, começa a imitar novos modelos variando os padrões familiares de modos diferentes como que para observar diferentes resultados. No último estágio, imitação adiada, a criança reproduz de memória um modelo ausente.

Jogo:
       Segundo Piaget há três categorias principais de jogo: os práticos, os simbólicos e os com regras.
As brincadeiras práticas são a continuação das atividades imitativas descritas no período sensório motor: arremessar pedrinhas, pular corda, etc. Esses jogos podem conduzir simplesmente ao aprimoramento do desempenho motor ou uma atividade destrutiva (derrubar cubos depois de empilhá-los). Pode evoluir para jogos simbólicos, como construir um castelo de areia, ou para jogos construtivos ou com regras.
Os jogos dotados de normas são essencialmente sociais e conduzem a uma crescente adaptação.
A maior parte do interesse de Piaget se centra nos jogos simbólicos que “implicam a representação de um objeto ausente” e são, a um tempo, imitativos e imaginativos, que atinge seu ápice entre a idade de dois(fim do período sensório motor) a quatro anos.
Piaget classificou em tipos e subtipos todas as modificações que observou em seus filhos.
·        Jogos do tipo I: a criança tenta “usar livremente seus poderes individuais, reproduzir suas próprias ações pelo prazer de ver-se desempenhá-las e exibi-las para outros, ou, expressar-se e para assimilar sem sofrer o empecilho da necessidade de acomodar-se ao mesmo tempo”.
·        Jogos do tipo II: reproduz a aparência e ações de outras pessoas, ou faz com que seus brinquedos reproduzam as suas.
·        Jogos do tipo III: encontramos a transposição de cenas inteiras em vez de fragmentos isolados. Os companheiros imaginários quase sempre surgem nesse estágio. Piaget acredita que as crianças criam esses personagens para “assegurar uma platéia solidária ou espelho para o ego”. Ainda temos o jogo compensatório, envolvendo a realização, a nível de faz de conta, daquilo que é proibido na realidade.

A função do jogo simbólico é claramente percebida no “faz de conta” das crianças de dois a quatro anos. Ela consiste em “assimilar a realidade ao ego, ao mesmo tempo em que o libera das exigências da acomodação”. Essa é a idade em que o jogo fantasioso infantil é mais exagerado e mais distorcida a sua visão da realidade.
Com aproximadamente quatro a seis anos os jogos simbólicos começam a perder importância, os jogos nessa fase reproduzem uma imitação sempre mais precisa da realidade. Após quatro ou cinco anos, se torna progressivamente mais social.
Por volta dos sete a oito anos há uma interação geral do jogo e da inteligência.

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